Wenn das liebe ist.
Confesso que fiquei surpreso com algumas reacoes a meu texto anterior. Creio ter sido visto como um sonhador. Um ser quixotesco. Alguém atrás de uma Dulcinéia, que me dizem ser Aldonza. Talvez. Mas não se trata de um objeto, mas de um espírito. Ou mesmo a vontade de um espírito, que não mais se encontra.
Atire a primeira pedra quem não pensou ser essa felicidade algo possível! É claro que, para os desastrados como eu isso evapora no primeiro sol quente que ilumina minha cabeça...mas tem estado nublado ultimamente. Mas sei onde viram minha insanidade.
Nesses tempos imediatos, cheio de já e agora, em que tudo o que a todos interessa é o prazer a todo custo, talvez não mais haja lugar para o amor. É bem provável que nem mesmo para a paixão.
Por mais ridículo que seja querer enveredar pelos caminhos de Camões, que definiu (se é que isto é possível) a essência de ambigüidade do amor, com seus fogos invisíveis e dores insensíveis, talvez a ousadia permita ao homem por trás deste texto palpitar sobre a maior característica da humanidade nos últimos duzentos ou trezentos anos.
Assim, pode-se falar que o amor, num sentido diverso do amor do mestre luzitano, num sentido mais “senil” seja, acima de tudo, identidade. Um ver-se no outro de nós mesmos. Uma decorrência do processo que começa com a possibilidade de vir a ser, e não termina. Torna-se um dia, uma bela constatação, uma sintonia. Um reconhecimento de si em outro.
Num mundo em que não sabemos nem queremos saber o amanha e onde o que importa é o agora, como pode haver lugar para dois sentimentos que são, como todos os sentimentos que se preze, conseqüência de um processo?
Viveremos de hoje em diante num mundo sem amor. Só euforia e escravidão barata. Vamos jogar esta besteira de amor no lixo e comprar uma Ferrari à prestação. Aí não precisaremos da Hustler, né?!