Sonho acordado
Já faz mais de seis meses que não escrevo para este blog. A empolgação do começo foi derrotada pela falta de acesso dos internautas. Muitas vezes nos julgamos auto-suficientes a ponto de dizermos que não escrevemos para que pessoas leiam. Que nada. Dependemos do aval dos outros, e talvez uma das grandes lições que a vida pode nos ensinar é justamente a de sermos suficientes para nós mesmos. Não sei. Só sei que quando escrevi pela primeira vez para este blog tinha a esperança de poder compartilhar idéias e pensamentos com pessoas que buscassem por algo semelhante. Em vão. Seis meses depois e meu blog não teve um único acesso. Mas não adianta chorar o leite derramado. Dizem que a propaganda é a alma do negócio, não é? Pois minha maldita timidez me impede de fazer propaganda. Pelo menos eu não fiquei vindo ver se alguém tinha entrado no meu blog. Deixei-o de lado quando vi que não teria jeito. E assim foi.
Seis meses. Como passou rápido. Como as coisas mudam em seis meses!!! Como a gente muda em seis meses!!! Pois seis meses atrás eu achava que tinha encontrado meu grande amor; me achava um grande escritor em potencial e cria piamente que o São Paulo ia ganhar o campeonato brasileiro. Ledo engano. Eu até esqueci como eu fazia para acessar este blog. Graças ao acaso (para aqueles que no acaso acreditam) encontrei um papel com as instruções de como acessar o weblogger. Nem ao menos me lembrava de que o havia escrito.
Mas como eu ia dizendo, é impressionante como nos iludimos com nós mesmos (ou será que isso é um traço gravíssimo de uma perceptível imaturidade minha?!?!?!?). O maior termômetro de como mudamos são os nossos planos. Pois vivemos fazendo planos para quando o amanhã chegue. Nos entupimos de suspiros e ideais que evaporam na menor contradição. Vemos então que não fazíamos planos, apenas sonhávamos. Sonhávamos com um (im)possível amanhã que deveria ser do jeitinho que planejávamos e que diante da menos adversidade ou contradição esvaiu-se no ar. Mas quem consegue não fazer planos (ou sonhar)? Aquele sonho que sonhamos antes de dormir. Quando colocamos a cabeça sobre o travesseiro e por alguns instantes nos deixamos levar por aquele impossível que se escancara diante de nossos olhos ainda entreabertos que olham para um nada muito além daquela parede branca que se ergue diante de nós e que tem como função primordial ser apenas a sustentação de um dos lados do dormitório. E este sonho que sonhamos com um esboço de sorriso nos lábios, ainda que nosso senso comum (aquele tão criticado por uns e louvado por outros) nos diga: Pare de rir o idiota!!!!! Neste momento somos idiotas conscientes de uma idiotice que nos alegra a alma e nos embala mesmo quando nossos olhos retomam sua expressão natural de vigília, e nós, já conscientes que tudo não passava de um caso recorrente do chamado “sonho acordado”, nos viramos para o lado e com o último fio daquele riso, fechamos os olhos e dormimos o sono real que devemos dormir.
Somos eternos sonhadores.
1 Comments:
Estava passeando pela internet quando me lembrei de vc e resolvi dar uma olhada no seu blog.Louco como tudo se encaixa...Eu, ansiosa que sou, não consigo chegar ao fim de nada que começo ler. Minha cabeça dá voltas e se perde lá na frente num assunto que ainda não li.Pois, passando por aqui, nesse texto entiulado Sonho Acordado, eu reparei algo: Como a fragilidade alheia nos é cara , preciosa, doce...Como, ao ver parte do seu coração inseguro necessitando de aprovação, eu me dei conta que somos apenas humanos.E vi como é bela a necessidade humana. E vi como é raro assumi-la.E vi, como um texto que fala de alma e sonhos, toca outras almas e outros sonhos. E que podemos falar sobre socialismo, Warrol,ou Invasões Bárbaras, mas como tudo fica pequeno perto do menino que procura por ser visto, do menino que tenta desesperadamente, num mundo delével e caótico, comunicar-se com outro ser humano, dividir um espaço do espírito, doar lucidez, ou talvez, pedir um pouco...E como é bela a tentativa da proximidade. E como é ilusória essa mesma tentativa. E como é audacioso precisar do outro. E como é deliciosamente fatal essa necessidade...
Postar um comentário
<< Home